Com oferta menor, arroba do boi sobe para R$ 150 em São Paulo
20 de Outubro de 2015
Por: Mauro Zafalon
A arroba de boi gordo voltou a subir e atingiu R$ 150 no Estado de São Paulo nesta segunda-feira (19), o que não ocorria desde junho último. No mesmo período de 2014, a arroba estava a R$ 134.
O mercado sempre é o resultado de um conjunto de forças, que inclui consumos interno e externo e oferta.
Neste momento, o que mais influencia os preços é a reduzida oferta de gado pronto para o abate.
A avaliação é de José Vicente Ferraz, da Informa Economics FNP, consultoria especializada no setor.
Essa baixa oferta está associada à entressafra, cujo pico ocorre neste período do ano. A oferta de boi cai, e os preços sobem.
A redução na oferta de bois vem de um gargalo estrutural do setor. Houve um abate maior de fêmeas, reduzindo a oferta de bezerros.
Mas, além disso, o confinamento de gado, que pode aumentar a oferta neste período de entressafra, ficou abaixo das expectativas neste ano, segundo Ferraz.
O mercado externo também ajuda a alavancar os preços internos. Pelo segundo mês, as exportações estão acima das registradas em igual período de 2014, um ano cujas vendas já foram consideradas boas.
Os dados desta segunda-¬feira (19) do Ministério do Desenvolvimento indicaram que as exportações médias de carne bovina "in natura" das três primeiras semanas deste mês somaram 5.300 toneladas por dia útil.
Ao atingir esse volume, as vendas externas do mês superaram em 15% as de setembro e em 8% as de outubro do ano passado.
Diferentemente das carnes bovinas, as de frango ¬as de maior volume exportado pelo país¬ mantêm queda. O volume médio diário do produto "in natura" deste mês recuou para 14 mil toneladas, 3,5% inferior à exportação de outubro de 2014.
As exportações de carne suína também registram recuperação. Com 2.500 toneladas por dia útil, elas subiram 14% em relação às de setembro e 32% ante as de outubro do ano passado.
A arroba de boi gordo já esteve negociada com valor superior a R$ 150, e o consumo interno é sempre um dos fatores de sustentação do preço. Neste ano, no entanto, há uma significativa queda no consumo.
A evolução da crise econômica e política do país vai determinar a demanda interna. A busca pela carne bovina já tem queda significativa, mas a situação poderá ficar ainda pior se essa crise se acentuar.
Por isso, fica difícil uma avaliação para o próximo ano, principalmente para o segundo semestre, diz Ferraz.
Ele acredita que os preços do boi devem declinar no primeiro semestre de 2016. Isso porque o consumo não deve se recuperar.
"Todos concordam com a queda atual e a continuidade nos próximos meses. A diferença de opiniões fica em relação ao tamanho dessa queda." Na avaliação do especialista, "é significativa".
A procura por carne bovina vai viver um momento de troca de direções entre consumo interno e externo no final de dezembro.
Com o 13º salário nas mãos, o consumidor deverá voltar ao mercado, devido às festividades do final do ano. Já o mercado externo tradicionalmente diminui o ritmo nesse período.
O mercado de 2015 está sendo orientado pela oferta de bois, que é baixa. Já o de 2016 vai ser determinado pelo consumo interno, que tem uma importância maior do que o externo.
O problema será se a crise persistir pelo ano todo e as exportações não corresponderem às expectativas, afirma Ferraz.
Fonte: Folha de São Paulo