Bertin vai recorrer de autuação de R$ 3 bilhões imposta pela Receita
01 de Março de 2016
Por: Fernando Lopes
O grupo Bertin deve recorrer da autuação imposta pela Receita Federal por supostas irregularidades no processo de incorporação de seus negócios de carne bovina pela JBS, segundo apurou o Valor. De acordo com reportagem do jornal "O Estado de S. Paulo", a Receita considera a estrutura do negócio "fraudulenta" e autuou uma das companhias do grupo que não quer se manifestar sobre o assunto em R$ 3 bilhões.
Além de problemas tributários, diz a reportagem, a Receita Federal também constatou problemas envolvendo o fundo de investimento FIP Bertin, que representou o grupo Bertin na transação com a JBS, que aconteceu em 2009. O negócio ajudou a JBS a se firmar como a maior empresa de proteínas animais do mundo e permitiu que o Bertin se concentrasse em outros setores, sobretudo energia e infraestrutura.
Fundado em 1977 na cidade paulista de Lins (SP), o grupo Bertin tinha no abate de bovinos uma de suas principais atividades. Em meados da década passada, o frigorífico do grupo chegou a ser um dos maiores produtores e exportadores de carne bovina do Brasil. Mas em 2008 entrou em dificuldades financeiras e, mesmo após receber um aporte bilionário da BNDESPar, foi incorporada pela JBS meses depois.
Como informou no domingo o Valor PRO, serviço de informações em tempo real do Valor, a JBS afirmou, em comunicado, "que não pode se manifestar a respeito de assuntos referente a terceiros, na medida em que a matéria trata do auto de infração de ganho de capital da Bracol S/A, holding controladora da empresa Bertin S/A".
Mas defendeu a transparência da transação e realçou que ela "contou com as assessorias competentes em questões tributárias e societárias dos escritórios de advocacia Barbosa, Müssnich & Aragão Advogados e Pinheiro Neto Advogados, bem como a assessoria financeira dos Bancos J.P. Morgan S/A e Banco Santander Brasil S/A". A Apsis Consultoria Empresarial fez a avaliação do patrimônio líquido da Bertin S/A.
No setor de energia, os negócios do grupo Bertin atualmente envolvem seis usinas termelétricas em fase de conclusão. No segmento sucroalcooleiro, controla a Infinity Bionergia, que tem seis unidades processadoras de cana e está em recuperação judicial. Até 2011, o grupo também controlava 50% da usina São Fernando, localizada em Mato Grosso do Sul a outra metade pertencia aos filhos do pecuarista José Carlos Bumlai, preso na Operação Lava-Jato, que passaram a deter 100% desse negócio.
Ainda integram o portfólio dos Bertin ativos nas áreas de infraestrutura, divididos em construção civil (Contern) e concessões de rodovias Atlantia-Bertin e SPMar, esta última administradora dos trechos sul e leste do Rodoanel Mario Covas. O grupo também trabalha com equipamentos de proteção individual e produção agropecuária (confinamento de bois e reflorestamento). (Colaborou Fabiana Batista)
Fonte: Valor Econômico