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ALANAC - Notícias do Setor

Em despedida, Chioro cobra continuidade de sucessor e defende CPMF

07 de Outubro de 2015

Por Bruno Peres 
 
De saída do cargo de ministro da Saúde, Arthur Chioro (PT) interrompeu seu discurso de despedida nesta terça¬feira, em Brasília, para entregar publicamente ao sucessor, ministro Marcelo Castro (PMDB), uma “cópia inédita” do programa “Mais Especialidades”, bandeira da campanha da presidente Dilma Rousseff pela reeleição.
 
“Espero que esse esforço do ministério empreendido até aqui possa servir de base para esse programa, profundamente necessário e aguardado ansiosamente pela sociedade brasileira”, disse Chioro, afirmando que o documento foi elaborado por “pessoas que acreditam no SUS [Sistema Único de Saúde]”.
 
A entrega simbólica para uma continuidade do programa ocorre em meio ao descontentamento do ex¬ministro com a saída do cargo, a partir da reforma administrativa promovida pela presidente Dilma para reacomodar os aliados na Esplanada dos Ministérios.
 
Diante da dificuldade orçamentária do governo, não há perspectiva de lançamento do programa "Especialidades", uma derivação do “Mais Médicos”. O ex¬ministro defendeu que os recursos sejam repassados para melhora nos atendimentos. “É o que temos que estimular e remunerar: o bom cuidado, e não uma tabela”.
 
O ex¬ministro também enfatizou a “luta pelo financiamento sustentável” da saúde e apontou a necessidade de um debate urgente, do qual, em sua avaliação, a sociedade não pode se privar. Acuado pelo governo nas ocasiões em que revelou discussões internas sobre a recriação da CPMF, Chioro disse que a sociedade precisa debater qual saúde deseja para o país e admitir que recursos financeiros são finitos.
 
“Teria sido mais confortável ter me calado, mas não poderia me omitir e travar o trabalho ditado pela minha consciência e pelo compromisso com o SUS”, disse.
 
Em seu discurso, Arthur Chioro rememorou os compromissos firmados em fevereiro de 2014 ao assumir o cargo para “dar continuidade ao excelente trabalho” realizado pelo antecessor, Alexandre Padilha (PT), que deixou o posto para disputar o governo de São Paulo. O ex¬ministro disse ter assumido o cargo para servir à imensa parcela da população que depende da rede pública de saúde. Ao apresentar um extenso balanço dos “20 intensos meses” à frente do cargo, Chioro destacou desde campanhas para incentivar o parto normal e evitar acidentes no trânsito à aquisição de medicamentos na rede pública, além da “mudança no jeito de cuidar das pessoas”.
 
O ex¬ministro disse ainda ter sido “voz forte e contundente em defesa do Sistema Único de Saúde”, trabalhado formulação e pactuação de políticas para além de prever mais recursos para o setor e afirmou o orgulho de ter participado do programa Mais Médicos, em um momento “delicado de implantação”. “Compramos essa briga”, disse.
 
Fonte: Valor Econômico 


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