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ALANAC - Notícias do Setor

Servidores da saúde organizam greves em meio ao surto de zika

01 de Março de 2016

Por: João Pedro Pitombo; Danielle Belmiro; Kleber Nunes e Adriano Queiroz.

Em meio ao avanço de casos de denguezika echikungunya, médicos e enfermeiros de diversas capitais do país estão em greve ou ameaçam cruzar os braços em protesto contra a falta de medicamentos e condições de trabalho e por aumento salarial.

Em Fortaleza, os médicos estão parados há uma semana. Em Maceió, a greve foi deflagrada, também na segunda-feira (22) passada, por enfermeiros e agentes comunitários de saúde e de controle de endemias. Os médicos também ameaçam parar.

No Recife, epicentro dos casos de microcefalia e onde há relatos de até dez horas de espera por atendimento, os enfermeiros prometem parar a partir desta quarta-feira (2). O movimento não se restringe à rede municipal. Na Bahia e no Tocantins, servidores estaduais também estão parados. No Rio, haverá assembleia nesta terça (1º) para discutir uma greve.

SOZINHO

No posto de saúde César Cals de Oliveira, em Fortaleza, cerca de 30 pacientes aguardavam atendimento na última sexta (26). Dos seis enfermeiros que deveriam estar lá, só um estava trabalhando.

Em outro posto, o Irmã Hercília Aragão, também havia só uma enfermeira. "Tenho gente conhecida que já teve dengue e não conseguiu atendimento ou teve que esperar muito", diz a dona de casa Daniele de Farias, 24.

"Em qualquer casa, quando há crise, corta o supérfluo e mantém o necessário. A prefeitura faz o contrário", diz Renata Cavalcante, do sindicato dos enfermeiros do Ceará.

Em Belo Horizonte, médicos pararam por duas vezes na última semana -em um dos dias, pacientes aguardaram 14 horas por atendimento. Funcionários dizem que a greve é um protesto contra a falta de tudo, até de paracetamol, um dos principais remédios usados para atenuar os sintomas da dengue.

Na rede estadual do Tocantins, a falta de materiais básicos como luvas, gaze e esparadrapo em parte dos 19 hospitais fez com que os enfermeiros cruzassem os braços.

"Temos registros de profissionais que tiveram que usar lençóis para fazer curativos e fita adesiva comum no lugar do esparadrapo", diz Claudean Lima, presidente do Sindicato dos Profissionais de Enfermagem do Tocantins.

Na Bahia, médicos responsáveis por controlar a oferta e a demanda de leitos estão em greve desde o início do ano após terem seu adicional de insalubridade suspenso pelo Estado -para quem eles não atuam em lugar insalubre. O mesmo motivo resultou em paralisação no Piauí.

GOVERNOS

Os governos do Tocantins e do Piauí admitem a falta de insumos e dizem trabalhar para regularizar o abastecimento de medicamentos e ampliar o número de leitos. Goiás, porém, negou que haja desabastecimento de remédios e insumos.

A secretaria municipal de Belo Horizonte afirma que a falta de insumos e de medicamentos não é generalizada, e os casos pontuais de desabastecimento ocorrem devido a problemas na entrega pelos fornecedores ou de problemas na licitação.

Em nota, a Prefeitura de Fortaleza informou que mantém abertos os canais de diálogo com os servidores, que reivindicam 19% de aumento. Recife disse ter proposto reajuste de 7,5% –os servidores pedem 10,6%.

A Prefeitura de Maceió alega que o percentual solicitado (14%) é impossível de ser implantado. A Bahia diz que suspendeu o adicional de insalubridade dos médicos reguladores porque eles não trabalham em local insalubre. 

 

Fonte: Folha de São Paulo.


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