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ALANAC - Notícias do Setor

Editorial Econômico: Indústrias de ponta são mais penalizadas

01 de Abril de 2016

Nada evidencia melhor quanto tem sido profundo e danoso para o País o processo de encolhimento do setor industrial do que a queda vertical do desempenho dos segmentos que utilizam tecnologia mais intensamente. Enquanto a indústria de transformação – não considerando o setor mineral – teve um recuo de 9,9%% em 2015 em relação ao 2014, as indústrias nas quais o uso de tecnologia é mais elevado – produtos farmacêuticos, informática, produtos eletroeletrônicos, equipamentos de comunicação, aparelhos de precisão – sofreram um redução na produção de 19,8%, segundo levantamento do Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial (Iedi).

É a primeira vez que isso ocorre desde 2002, diz o Iedi, assinalando que houve setores – como o de informática – nos quais a queda foi muito mais acentuada do que a média, chegando a 42,7%. Outro dado impressionante: de acordo com a Associação Brasileira da Indústria Elétrica e Eletrônica (Abinee), a produção física do setor caiu 21% em 2015, sendo que só a área de eletrônica registrou retração de 30%.

Isso, evidentemente, resulta da queda da demanda, pois, com menos renda para gastar em razão do desemprego e do temor de perder o emprego, o consumidor ficou cauteloso. Outro fator decisivo foi o fato de as indústrias de média e alta tecnologia terem deixado de investir, por causa da falta de confiança que paira sobre a sociedade brasileira.

O câmbio pesou, com uma desvalorização do real de 47% em 2015, gerando um sensível aumento de preço de bens importados ou de produtos que fazem uso de insumos importados. O câmbio também tornou mais dispendiosa a importação de equipamentos. O custo de produzir no Brasil ficou muito caro também por causa do aumento de 50,3% nas contas de energia elétrica.

Nesse cenário, chama a atenção o descompasso que se verificou na indústria farmacêutica. O volume de medicamentos vendidos no atacado e no varejo aumentou 7,3% em 2015, sempre em comparação com o ano anterior. A produção interna, porém, recuou 12,2%. Segundo a Sindusfarma, os medicamentos de maior preço podem ter sido substituídos por importados, já que o seu custo interno de produção se revelou mais elevado.

Esta crise não é apenas econômica. É também política. Com a continuidade da recessão, sem que se restaure a confiança a partir de sinais claros de que o governo governa, tudo tende a continuar, se não piorar.

 

Fonte: O Estado de são Paulo.


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