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ALANAC - Notícias do Setor

Desfalcado, ministro quer reaver área perdida de comércio exterior

17 de Maio de 2016

Por: Mariana Carneiro

Nem bem chegou ao cargo, o bispo Marcos Pereira (PRB), novo ministro da Indústria e Comércio, vai comprar uma briga na Esplanada dos Ministérios. Ele pretende recuperar o nome e algumas das repartições perdidas para outras pastas na reformulação feita por Michel Temer.

Pereira assumiu um ministério desfalcado. O BNDES foi para o Planejamento, a Apex (Agência de Promoção do Comércio Exterior), para o Itamaraty, e a Camex (Câmara de Comércio Exterior), para o Palácio do Planalto.

Até um pedaço do nome o ministério perdeu. Nos próximos dias, Pereira quer resgatar a palavra "Exterior".

Em seguida, informou, vai "trabalhar para construir um consenso na Esplanada sobre a importância da Apex e da Camex voltarem para a estrutura original".

O novo ministro precisa se mexer para conquistar a confiança da indústria, que o recebeu com o pé atrás.

Além de político, Pereira, 44 anos, foi vice-­presidente da rede de TV Record e diretor do banco Renner. Empresários ouvidos pela Folha e que pediram para não ter o nome citado acham que ele tem um currículo aquém do que esperavam para a pasta.

Mesmo assim, ele espera contar com o apoio dos empresários, que ficaram decepcionados com o fatiamento do ministério que os representa no governo.

Uma das principais queixas é a perda da Apex para o Itamaraty, do ministro José Serra. O orçamento da agência, que recebeu cerca de R$ 530 milhões em 2015, já era alvo do Itamaraty, que vinha tentando se apropriar da verba desde o começo do segundo mandato de Dilma.

O temor é que parte do orçamento seja usada em outras necessidades da diplomacia, deixando de lado a promoção comercial.

Para o presidente da AEB (Associação dos Exportadores do Brasil), José Augusto de Castro, os dois ministérios "falam idiomas diferentes".

"O Itamaraty é mais institucional, e o Ministério da Indústria, mais operacional", afirma. "Não estamos em condições de fazer testes com a Apex, a exportação é a única maneira de moderar a recessão aqui dentro."

A única mudança que agradou foi a elevação do status da Camex, que agora é ligada ao Palácio do Planalto. "Isso dá força e coloca o comércio exterior no centro da política", diz Carlos Abijaodi, diretor da CNI (Confederação Nacional da Indústria).

O grupo que define a política comercial deve encolher de sete para seis ministérios.

Mudanças no comércio exterior

APEX – José Serra, Ministério das Relações Exteriores > A Apex atua para promover produtos e serviços do Brasil no exterior, além de atrair investimentos estrangeiros. Possui orçamento de cerca de R$ 500 milhões ao ano. No novo formato, a chefia da agência ficará sob a alçada do ministro José Serra (PSDB)

SECEX – Marcos Pereira, Indústria, Comércio e Serviços > Órgão responsável pela operação do comércio exterior e de defesa comercial, como medidas antidumping e licenças de importação. A Secex continua no ministério original, agora comandado pelo ministro e bispo Marcos Pereira (PRB)

CAMEX – Michel Temer, Presidência da República > Colegiado que define políticas comerciais no exterior. Reunia sete ministérios na formação passada. Na nova estrutura, deverá contar com seis ministérios, além de se reportar diretamente ao presidente interino do país, Michel Temer (PMDB)

 

Fonte: Folha de São Paulo


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